Manifestamos a nossa mais profunda preocupação com a ideia de construção do IC31.
A ausência de infraestruturas rodoviárias de grande envergadura, como auto-estradas, em Idanha-a-Nova, foi a principal razão que levou alguns de nós a querer mudar para o concelho nos últimos anos ou em breve, em busca de uma alternativa aos meios urbanos.
A construção de uma auto-estrada irá cortar e fraturar, literalmente, uma das últimas regiões remanescentes de Portugal não fragmentadas por grandes vias.
Observamos um enorme potencial para o ecoturismo sustentável na região de Idanha-a-Nova, que o IC31 deitará a perder.
A maioria de nós mudou-se para o concelho de Idanha-a-Nova depois da última avaliação de impacto do IC31 ter sido concluída, em 2011 e, agora, as nossas vidas e meios de subsistência estão em perigo.
Atualmente encontramos paz e sossego, diversas áreas naturais, ar e água limpos, paisagens maravilhosas, aldeias pitorescas, encantadoras ruínas romanas e um estilo de vida mais humano e comunitário. A construção do IC31 destruirá centenas de hectares e mudará para sempre a ecologia da região, levando ao desaparecimento de inúmeras espécies de fauna, aves, mamíferos (incluindo humanos), insetos, répteis e de flora.
Graças à chegada de novos residentes (portugueses e estrangeiros) tem aumentado o número de alunos nas escolas locais, tem-se assistido à recuperação de edifícios em ruínas, bem como de tradicionais e artesanais práticas que corriam o risco de desaparecer. A construção do IC31 colocará todos estes desenvolvimentos positivos em risco.
Pedimos que a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova se comprometa com os valores e compromissos que publicitou ao longo dos últimos anos – (Bio-região, defesa dos ecossistemas, desenvolvimento e agricultura sustentáveis).
Acreditamos que as razões que motivaram o projeto do IC31 há tantas décadas são hoje obsoletas. Outras prioridades surgiram. As alterações climáticas e a perda de ecossistemas são ameaças graves para esta região e para Portugal que, tendo assumido a liderança do parlamento da UE em 2021, espera-se que dê o exemplo, podendo Idanha-a-Nova assumir um papel preponderante.